sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Série Argentina - Cemitério da Recoleta, local para "lembrar"


    O nome deste cemitério traduz muito sentimento, afinal Recoleta quer dizer "lembrar" e não há como não lembrar dos entes queridos que lá se encontram respeitosamente depositados em belíssimas estruturas. Verdadeiras obras de arte incrustadas num dos bairros mais antigos e belos de Buenos Aires, que também se chama Recoleta.  

    Neste local, que já foi mosteiro, tive aulas de história inesquecíveis, cujo guia, ex-combatente de guerra, me deixou embevecida pelo carinho com o qual falava de cada pessoa e obra de arte que ali se encontrava. Carinho especial pelo local de onde tira o seu sustento. São muitos turistas há ouvir sobre vida, morte, dor, esperança e paz. Mas, sobre ele, o guia, irei escrever depois.

    Digo que apenas uma matéria não dará para contar as várias histórias que ouvi. Sim histórias não estórias. São reais, não ficções. 
    Com mais de 70 mausoléus declarados como patrimônio histórico, o cemitério mais antigo da cidade(desde 1822) abriga celebridades do meio artístico, presidentes, militares famosos, cientistas, heróis da independência e anônimos que se tornaram famosos através das falas dos guias locais que dão, por vezes, até mais destaque ao contar o que ocorreu com suas vidas e desfechos. Segundo consta, quem passar por lá passa pode dar de cara com alguns destes ilustres “moradores” até a luz do dia.

    Claro que o local mais visitado é o mausoléu de Evita Perón. Grande mulher a frente do seu tempo, mãe dos pobres! Mulher forte que foi vencida por um câncer de útero que ceifou sua vida aos 33 anos. O povo ficou órfão, mas ganhou um mito. Confesso que fiquei bem arrepiada ao estar alí. Um fato muito inusitado aconteceu e irei contar mais tarde. 
    Mas, nem tudo era só beleza. Muitos sepulcros e mausoléus abandonados, além de turistas sem escrúpulos, abrindo as portas, violando e entrando nos locais de descanso para fazer fotos, junto com os caixões.

    Estes caixões possuem um tratamento diferenciado. Totalmente diferente do que fazemos aqui. Basta dizer que só há um único túmulo em que uma pessoa foi enterrada. Uma mulher, esposa do um dono de jornal. Apenas este. Lá eles não enterram seus mortos. Não há contato com a terra.
    Ao final da visita fomos brindados por uma cerimônia de despedida de uma monja, freira. Só Deus mesmo pra nos mostrar o ritual na hora em que imos embora daquele belo lugar.

Minha impressão do local    
    
    
    Gravei alguns vídeos, fiz fotos, áudios e vou dizer que voltaria lá milhões de vezes. É um local de paz, muita paz, porém com a mesma intensidade de energia de um local povoado de espíritos, alguns que ainda não puderam encontrara a paz e o descanso eterno.    

2 comentários:

  1. esse lugar é incrível! pra mim, foi ainda surreal…rs. olhe a minha história… estive em BsAs em novembro do ano passado. o calor estava terrível, mesmo pra padrões brasileiros. as TVs locais diziam que estavam passando por um “golpe de calor” e que o fim da semana prometia ser debaixo d’água. na sexta-feira, eu e uma amiga saímos do hotel pra visitar mais uma vez a Plaza de Mayo e depois ir pra Palermo e Recoleta. o céu totalmente negro. fomos do mesmo jeito. na Plaza de Mayo, o caos. uma ventania muito forte, muita gente brigando por táxis pra sair logo de lá. não conseguimos táxi e corremos pro albergue de um amigo perto de lá. nos armamos de moletões e jaquetas para chuva, chamamos um táxi e saímos pra continuar o passeio, quando a maioria voltaria pro hotel…rs. chegamos ao cemitério debaixo de uma garoa fininha, o céu ainda negro. de repente, entre mausoléus e muitos turistas, a chuva começou a apertar. íamos nos abrigando nas portas das tumbas. nossos pés e calças, encharcados já. aí o mundo caiu. a chuva desabava e não tínhamos pra onde ir. nos separamos e corrermos em busca de abrigo enquanto víamos dezenas de turistas correndo também. totalmente encharcada, correndo sem rumo entre mausoléus enormes, ouvi uma voz, me virei e vi uma mão que me chamava de dentro de um mausoléu. não entendi o que dizia, e nem tive tempo de pensar quão bizarro era uma mão me chamando de um túmulo. apenas corri em sua direção. encontrei lá Eduardo, o coveiro, que, não sei como compreendi (meu espanhol é uma fraude…rs), pediu que eu chamasse meus amigos, q apareceram um de cada lado, com olho regalado quando me viram dentro de um túmulo, onde eles também entrariam. como se isso não fosse estranho o bastante, quando olho para o lado, vejo 6 caixões emparedados num grande bloco de mármore. eu toda era só espanto e riso. não acreditava no que via. não tenho problema com mortos e cemitérios, mas, convenhamos que, estar dentro de um túmulo rodeado de caixões insepultos não é a coisa mais normal do mundo. minha amiga estava pálida. meu amigo, em altos papos com o coveiro, que contava histórias sobre os mortos ilustres. ficamos lá por quase uma hora. quando a chuva diminuiu, Eduardo nos levou debaixo de seu guarda-chuva até o túmulo da Eva Perón e depois até a capela da entrada do cemitério, onde muitos turistas encharcados já estavam. o coveiro se despediu e nos deixou lá, enquanto se dirigia a outro canto da entrada. havia funcionários do local lá, todos conversando. Eduardo, no entanto, ficava calado e nos observando ao longe. havia outras pessoas pra ajudar lá dentro, mas ele ficou lá, até quando fomos embora. eu fico impressionada com esse fato até hj. se me contassem, eu talvez não acreditasse. mas aconteceu comigo, com meus amigos e tenho fotos disso, o que prova que nem sou louca, nem mentirosa…rs. numa das fotos, em que Eduardo aparece de frente, ele está de braços cruzados sobre o peito, como os defuntos…rs. não sei o que foi aquilo tudo, só sei que a Argentina, Buenos Aires, me deixaram muitas histórias pra contar…=)

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    1. Que história!!! Sempre que você der bordejo por aí me avise e poste suas aventuras... essa foi ótima para num túmulo kkkk. Vc mora onde? quando vier pro Rio me avise, vamos fazer uma investigação juntas, ok? bjs e obrigada pelo carinho.

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