domingo, 18 de novembro de 2012

Série Recife - A Cruz do Patrão, ponto de encontro das almas penadas

Marco de navegação e símbolo de dor

    Trata-se do lugar mais mal assombrado do Recife, segundo relatos eternizados em obras da literatura bem como nos periódicos e registros locais. A Cruz do Patrão está localizada na área do Porto de Recife às margens do Rio Beberibe, entre as fortalezas do Brum e do Buraco, e servia como ponto de referência para os barcos atracarem. O balizamento se dava através de uma linha reta formada pelo alinhamento da visão do piloto da embarcação com a coluna da Cruz e esta, por sua vez, com a Igreja de Santo Amaro das Salinas. A combinação das imagens determinava a direção correta da navegabilidade do canal de acesso ao ancoradouro. Além disso, sua história marcada pela crueldade que imperava no local, torna a atmosfera mais assombrosa, o que é interessante para pesquisa.
    Há várias narrativas documentadas e o histórico de sofrimentos, ali acontecidos, faz com que o lugar se torne propício para atividades paranormais. Na Cruz aconteceram atrocidades com escravos, que eram torturados e mortos, principalmente os chamados "pagãos" que vinham nos navios negreiros da África. Além disso, lá eram fuzilados os soldados e presos políticos condenados a pena capital, isso até o século XIX. Também a areia da maré era um ponto facilitador para os sepultamentos no descartar dos corpos ali supostamente jogados.
   
Medo e abandono

    Um fato que entristece qualquer pessoa que pesquisa história é ver marcos e símbolos abandonados. Isso acontece com a Cruz do Patrão. Largado a própria sorte o monumento está com a atmosfera ainda mais sinistra. Impossível ir a noite, devido a falta de segurança e iluminação. Então, fui ao local pela manhã e lá não havia muita gente para dar depoimento. Apenas o taxista, senhor Joel de 81 anos, 50 dedicados a profissão, nos contou que o local era maldito e de almas penadas. "Vim com senhora porque me pediu. À noite eu lhe digo que nem pagando. Isso aqui tem alma. Alma que não tem descanso" - disse o trabalhador só pensando no medo pelas histórias e ignorando o perigo pela falta de segurança.
    Pelo lado emocional concordo com as palavras do senhor Joel. Afinal, foram almas "arrancadas" de seus corpos de forma bem dolorosa. Para quem acredita, há ainda muita revolta e dor por lá. Dizem que quem passa pela Cruz à noite pode ser perseguido por espíritos maléficos e pelas almas que nunca descaçaram em paz. Há ainda quem diga que algumas pessoas chegaram a desaparecer. Será?  
    De acordo com pesquisas o local permeia fatos que mesclam ficção e realidade, como o assassinato de um estudante aos pés da Cruz. Um soldado condenado pelo crime foi elevado à cadeia em Fernando de Noronha e quando foi provada a sua inocência já era tarde. Ele havia morrido na prisão. Na realidade quem matou o estudante foi indivíduo que disse ter praticado o assassinato porque foi "possuído" por um espírito do mal. Além disso, o lugar se tornou ponto de encontros de seitas religiosas e feiticeiros.
   O fato é que apesar de toda contribuição para a cultura local, para a história de Recife, o monumento está abandonado, mas há quem lute para tombá-lo como patrimônio histórico. Esta pessoa é o historiador Leonardo Dantas Silva, membro do Conselho Estadual de Cultura e pesquisador do Instituto Ricardo Brennand. Ele levou ao plenário a proposta de tombamento da Cruz do Patrão, em caráter de urgência, com documentação comprobatória de suas origens, finalidade e importância histórica.
    A proposta foi acolhida por unanimidade e já foi encaminhada pelo Conselho ao Secretário de Cultura e seguirá os trâmites normais que o caso requer, aguardando, ao final, a emissão do  parecer que é de sua atribuição, antes de encaminhar o projeto ao Governador para homologação.

    E a gente que ama história fica no torcida!

Minha impressão do local

    Pude constatar variações de energia nos campos eletromagnéticos, mas nas câmeras nada foi registrado. Um fato interessante foi por duas vezes meus equipamentos arriarem a bateria, que haviam sido carregadas até o "talo". O que me impediu de continuar.
    Segundo consta nas literaturas voltadas para a área de pesquisas paranormais os espíritos quando querem se manifestar se utilizam de fontes de energias, como baterias de equipamentos eletrônicos, chegando a zerar suas cargas. Mas, infelizmente não consegui nenhum registro documentado. Apenas sensações de estar sendo observada e visões pelo canto dos olhos. Experiências pessoais.  
    O ideal será retornar à noite, com a devida segurança, para investigar as supostas aparições.

2 comentários:

  1. Olá Ana.

    Você sempre faz pesquisas paranormais?

    Faz em grupo também?

    Eu tinha vontade de participar de um grupo de pesquisa paranormais. Acho muito interessante.

    Me add no face para podermos conversar mais.

    Igor Van der Geer

    Fico no aguardo.

    Bjo

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    1. Oi Igor. Que bom que você gosta deste tipo de assunto. Digo que fazer este tipo de trabalho é um tanto arriscado. Me add no facebook para conversarmos melhor, ok. Será ótimo tê-lo em minhas pesquisas. Abraços. Ana

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